
_As possibilidades de atualizar a noção de 'intelecual orgânico e público' trariam certamente algumas mudanças sistêmicas e funcionais para um evento do porte de uma bienal, no que diz respeito as relações entre representação, ação e funcionamento das produções de arte num quadro sociocultural mais amplo. Neste sentido, estariam sendo consideradas pela curadoria práticas que baseiem-se nao somente em estratégias de representação visual, mas que utilizem-se de estratégias produtivas localizadas também fora do sistema da arte? Como serão comunicadas e/ou estabelecidas estas práticas (no caso de estarem incluídas)? E ainda nesta perspectiva, até onde o engajamento com outras esferas sociais é reconhecido como 'não panfletário' (o que esta ideia significa em termos práticos para este projeto curatorial)?
Jose Roberto Shwafaty Siquiera
_Parece existir implicitamente no projeto curatorial um desejo em 'aproximar' práticas mais 'engajadas' a outras baseadas em processos talvez mais alinhados à pesquisas de ordem liguístico-formais. Esta tentativa parece, de um lado, tentar ampliar a reflexão sobre a relação entre arte e política, e, por outro, parece corre o risco de diluir certas especificidades e complexidades desta relação, se não definida claramente. Pergunto como estão sendo trabalhadas as 'diferenças' (parâmetros de reconhecimento, inclusão e escolha) das obra e artistas neste movimento de ampliação e inclusão no qual se baseia o projeto curatorial?
Jose Roberto Shwafaty Siquiera
_As Bienais a partir dos anos 90 começam a ter títulos bastante abrangentes. A 29ª, mesmo colocada previamente como um bienal política, terá naturalmente uma expansão para outros temas, tal como vimos nos artistas cogitados e confirmados. Antes, as Bienais ficavam bem marcadas pelos movimentos artísticos da época em que ocorriam. O tema vago vem para dar conta da falta de movimentos/ manifestos? Também devido à crescente multiplicidade de propostas de agora? Para dar conta dos novos artistas, o tema se torna uma necessidade atual mas não interfere muito no que cada artista exibirá?
Gostaria de continuar a pergunta do Caio sobre a "diferença política" desta Bienal para a "Bienal da Lisette". A 27ª, além da questão do "como viver junto", teve um apelo gráfico-conceitual muito forte visto na forma* do mapa, do diagrama, do arquivo, da geometria, do desenho. Das multiplicidade de formas da arte de agora, essa Bienal teria algumas formas em destaque? E quais seriam elas? (* forma: visualidade, signo, imagem, suporte)
Edmond Couchot em A tecnologia na arte: da fotografia a realidade virtual sobre a Arte Tecnológica: "Finalmente há uma segregação que condena essa arte, e com ela todas as artes que repousam sobre um substrato tecnológico, a ocupar um lugar à parte, isolado do resto da arte o qual continua a fazer referência e a impor seu sistema". Essa briga por terreno (ou terreiro) parece não ser reflexo da prática dos artistas mas, antes, problema das instituições. Qual a visão da curadoria sobre o tipo de discurso presente nesta citação?
Vagner Godoi
_a plataforma discursiva desta bienal especifica uma relação entre arte e política, com base na ideia de que "a arte contém em si mesma uma política". claro me parece que ela deve ser perguntada, justamente, pelo modo como especifica essa relação, e não por tematizar essa relação em geral. ou mais do que isso, "para além dos territórios consensuais", pelos modos de relacionar arte e política dos quais ela diverge. já foi expresso em algum momento que essa política da arte quer se contrapor a uma "confusão da arte com o campo da cultura", que também seria, a meu ver, um modo de especificar essa relação. haveria portanto, por parte desta edição da bienal, um posicionamento entre diferentes posições quanto aos modos de se relacionar arte e política. se assim for, como e onde seus curadores localizam os modos dos quais eles divergem? pensando que um e outro modo foram talvez propostos por edições anteriores da bienal, como me parece o caso da 27a, de que forma esta edição levanta ou concebe um debate local sobre essas relações, no que ela própria exerceria sua "política"?
Cayo Honorato
_acho que é importante saber um pouco mais sobre cada curador, e de que forma cada um contribuiu para o processo curatorial da bienal (quais artistas foram indicados, como foi o processo de seleção, qual a participação de cada um). acho que minha curiosidade está mais em saber qual a voz de cada um dos envolvidos, e talvez também investigar um pouco como se dá a relação de cada um deles com a moldura curatorial "arte e política".
Jorge Menna Barreto
Tem duas pergunta sobre a "pixação" que eu gostaria de fazer.
Para moacir e Agnaldo:
" Alguns veiculos de comunicação veicularam que o grupo de pixação que invadiu a bienal passada foi convidado pela curadoria dessa edição a participar do evento, porém, outros divulgam que os pixadores é que entraram em contato com a bienal. Como realmente se deu esse processo?"
Para os curadores de fora:
" Sobre a participação do grupo de pixação nessa edição da bienal, gostaria de saber sobre outras situações de exposição de arte, em sua experiência, onde práticas tidas como não "artisticas" adentraram o campo artistico."
Rafael RG